terça-feira, 29 de abril de 2014

 Ensaio sobre um desabafo

 De repente, todas as palavras bonitas e bem impostas me vieram à mente, como se as milhares de páginas lidas nos últimos meses tivessem finalmente completado seu ciclo e parado em meu discurso. Eram palavras firmes, com significados fortes e, por vezes, cortantes. Passaram dos meus dedos às teclas como um vinho encorpado, que embriaga a delicadeza do espírito e cumpre seu papel tal qual manda o roteiro. E foram taças desse vinho.
 No momento seguinte, a ressaca. Ressaca de sentimentos, desgaste de momentos lindos em um fim melancólico e banal como todos os outros. Uma história que teria ganho mérito no realismo, com um mistura do clássico e do romântico: uma ousadia que quase deu certo.
 Mas e quanto aos finais? Que vida redonda é essa que insiste em se refazer em novos corpos, novas feições? Ainda há de encontrar por aí uma alma que deteste formas tanto quanto eu, que enxergue o universo particular, essa bolha, que partilham as pessoas capazes de amar o outro como se ama a si mesmo.

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