29 de abril, Dia Internacional da Dança
Mais do que um dia cheio de movimento, mais do que fotos
dançantes, mais do que o amor que quem dança sente a cada passo: hoje vejo a
necessidade de falar sobre o RECONHECIMENTO da DANÇA enquanto ARTE. E aqui,
deixo em aberto alguns questionamentos a respeito da dança no nosso país...
Afinal, qual é o espaço da dança no Brasil hoje? Onde vemos
a dança nas nossas cidades? Com que honestidade estamos lidando com as mais
diversas técnicas de movimento e possibilidades do corpo? Nossos professores
são qualificados? Nossos dançarinos sabem algo além dos passos de suas
respectivas modalidades? Que representação temos junto aos órgãos responsáveis
pelo investimento em arte no país?
Por que ainda vemos brasileiros que acham que dança de
qualidade é perna no alto, giros e saltos intermináveis? Por que o nosso povo
ainda não tem acesso a outras formas de se fazer a dança ou por que ainda não
temos bagagem cultural suficiente para entender espetáculos mais complexos? Por
que precisamos morar em regiões metropolitanas, ou nos deslocarmos até elas,
para ter acesso a tudo isso? Por que dependemos de editais públicos, que por
vezes se mostram com curadoria duvidosa, para mostrar a nossa arte?
Como disse uma professora minha, “é revoltante que o artista
brasileiro tenha que mendigar edital para receber investimentos do governo,
como se o povo que faz arte só precisasse comer e pagar contas quando são
selecionados em algum edital”.
E para finalizar: o que nós, artistas (ouso rotular-me assim
também), estamos fazendo pela nossa arte? Cada um é, em parte, responsável pela
realidade em que vive. Precisamos ter consciência de nossa posição político-social
e que nossas ações, por mais que atinjam minorias, podem sim contribuir
positivamente para o desenvolvimento artístico-cultural da cidade em que
vivemos.