Tem coisa na vida que toca o corpo e o espírito feito o som de uma sanfona, que enche a pele de arrepio, que traz a sensação de nascer no estômago uma flor de lótus - que cresce, cresce, cresce... até ficar tão grande que não cabe mais.
Eu queria ser enorme para caber o teu amor. Eu queria sentir e sentir e sentir sempre mais dessa coisa que arrebata e deixa a paz... mas quis o mundo me fazer pequena demais e desastrada demais para florir a tua paixão. Eu queria ser terra fértil para os teus melhores momentos.
...
...
Eu queria caber amor para ser tua.
[2016, talvez. Resquícios de algum encanto que tocou os dias]
um grande equívoco
domingo, 24 de maio de 2020
domingo, 29 de novembro de 2015
VItimiSmo
Eu sou o diálogo que não acontece
Eu sou o vazio do não enfrentamento
Eu sou o silêncio
Eu sou o silêncio das almas inquietas
Eu sou o grito abafado do incômodo
Eu sou a inconveniência
Eu sou o verme da estabilidade, o prego solto da fechadura
Eu sou o terremoto, o redemoinho e todos os ventos
contrários
Eu sou a problemática, o outro ponto de vista, a pedra no
sapato do senhor
Eu sou o nada que só existe porque incomoda
E incomoda porque mexe nas certezas
Eu sou a incerteza, o efêmero, o passageiro
Eu não sou daqui e nem dali, fico enquanto couber a minha
não liberdade.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
terça-feira, 23 de setembro de 2014
colhendo justificativa qualquer na satisfação alheia,
encontro meus reflexos na parte amarga do outro que já não
vê o que é
cantando melodias à toa no achismo de um ninguém,
porque ninguém é nada, e nada é ser,
o ser da angústia
o ser liberto que alimenta o vulto na luz negra do mar sem
véu,
um palhaço pra além seguir dócil o papel do nada
que é o ser
colhendo justificativa qualquer em satisfações alheias
terça-feira, 17 de junho de 2014
Saio de amarras usuais por falta de força de reciprocidade,
se é pra ser só, que seja com a insegurança de uma liberdade quase
sonhada.
Que me perdoe a carência de quase não importar o que outrora já foi
demasiado importante,
que me perdoe o salto de convicções sem paraquedas, o estilhaço de medos
cômodos, de situações cômodas, de pessoas cômodas em seu vícios
comportamentais.
Que me reserve os fins a não tentação de ser previsível,
que me reserve o amor a compreensão de coisas que não se compreendem e
não são compreendidas.
Que me aceite o mundo submerso de uma alma inquieta, de uma mente
vacilante, de um coração necessitado de emoções que gritam,
gritam alfabetos e gritam Foucault,
gritam geocentrismos e aspirações cósmicas que tão pouco entende,
gritam mesmo sem querer gritar o grito que rasga na cólera ressentida de
uma não mais amarra.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
sinestesia urbana;
assaltos silenciosos à essência
sons abafados de medos comuns,
sinto-me vivo, estado de alerta.
roubam-me a essência de atos falhos,
só meus
perco-me na sinestesia de um ônibus lotado,
de cheiros ocres,
de olhares cansados de uma rotina imposta.
roubam-se uns aos outros a energia limpa de cada corpo
roubam-me a clareza da alma em sutis atos falhos,
só deles
sente-se alto, Estado de alerta
assalto à matéria-prima do ser.
desolados cíclicos de um caos temporal
assaltos silenciosos à essência
sons abafados de medos comuns,
sinto-me vivo, estado de alerta.
roubam-me a essência de atos falhos,
só meus
perco-me na sinestesia de um ônibus lotado,
de cheiros ocres,
de olhares cansados de uma rotina imposta.
roubam-se uns aos outros a energia limpa de cada corpo
roubam-me a clareza da alma em sutis atos falhos,
só deles
sente-se alto, Estado de alerta
assalto à matéria-prima do ser.
desolados cíclicos de um caos temporal
terça-feira, 29 de abril de 2014
29 de abril, Dia Internacional da Dança
Mais do que um dia cheio de movimento, mais do que fotos
dançantes, mais do que o amor que quem dança sente a cada passo: hoje vejo a
necessidade de falar sobre o RECONHECIMENTO da DANÇA enquanto ARTE. E aqui,
deixo em aberto alguns questionamentos a respeito da dança no nosso país...
Afinal, qual é o espaço da dança no Brasil hoje? Onde vemos
a dança nas nossas cidades? Com que honestidade estamos lidando com as mais
diversas técnicas de movimento e possibilidades do corpo? Nossos professores
são qualificados? Nossos dançarinos sabem algo além dos passos de suas
respectivas modalidades? Que representação temos junto aos órgãos responsáveis
pelo investimento em arte no país?
Por que ainda vemos brasileiros que acham que dança de
qualidade é perna no alto, giros e saltos intermináveis? Por que o nosso povo
ainda não tem acesso a outras formas de se fazer a dança ou por que ainda não
temos bagagem cultural suficiente para entender espetáculos mais complexos? Por
que precisamos morar em regiões metropolitanas, ou nos deslocarmos até elas,
para ter acesso a tudo isso? Por que dependemos de editais públicos, que por
vezes se mostram com curadoria duvidosa, para mostrar a nossa arte?
Como disse uma professora minha, “é revoltante que o artista
brasileiro tenha que mendigar edital para receber investimentos do governo,
como se o povo que faz arte só precisasse comer e pagar contas quando são
selecionados em algum edital”.
E para finalizar: o que nós, artistas (ouso rotular-me assim
também), estamos fazendo pela nossa arte? Cada um é, em parte, responsável pela
realidade em que vive. Precisamos ter consciência de nossa posição político-social
e que nossas ações, por mais que atinjam minorias, podem sim contribuir
positivamente para o desenvolvimento artístico-cultural da cidade em que
vivemos.
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