terça-feira, 5 de junho de 2012


 Num dia qualquer, voltou com a insegurança de quem sai do casulo. Era como se o mundo lá fora fosse uma queda livre a qual não sabia se valia a pena se expor. Não queria sair.
 Fechada em seu mundo, sentia o turbilhão de ideias e sensações que circulavam por ali. Tomava um café para disfarçar, inventava duas ou três desculpas mal contadas e voltava aos devaneios. Sabia que não era certo, sentia o peso da irresponsabilidade, mas ainda assim era mais forte.
 Tentava encontrar explicações razoáveis, que ao menos justificassem a impotência diante do mundo real. Vivia um meio sonho, uma meia fantasia, uma meia realidade. Era metade vida, metade inquietação.
 Vez ou outra se deparava com alguma resposta que ia de frente com os seus anseios – e a deixava passar. Mergulhada nessa confusão, continuava andando, parada.

terça-feira, 15 de maio de 2012

(...)
 Embora ela fosse - substancialmente - humana, sua alma era de anjo; em volta dela havia uma aura de paz, pureza e amor que tocava as pessoas de longe, só pelo fato de estar ali.
 Ela falava em vida, mas ninguém entendia; ela falava em amor por decisão, julgavam-a louca; ela falava em respirar o prazer, aproveitar o momento, enxergar o que não se vê. Mas ela falava, e, ao falar, perdia a essência das coisas secretas.

terça-feira, 8 de maio de 2012


 É fácil olhar pro céu e sorrir, dizer ao mundo que é feliz e que essa felicidade depende inteiramente de você; é fácil enxergar as coisas bonitas e os sorrisos sinceros; é fácil estender a mão, fazer uma boa ação, cuidar do planeta. Falar e fazer é fácil, o difícil é sentir.
 Não se é feliz a todo instante, não se quer a todo momento, não se tem certeza uma vida inteira. A verdade é que a felicidade é um sentimento redondo: de dentro pra fora, de fora pro outro, do outro pra dentro; tem que haver reciprocidade.
 Ser feliz é sentir o outro em sua essência. É amar por amar, não por gostar. É precisar de um abraço, de um beijo na testa, de um olhar sonolento. A felicidade é como uma nuvem: precisa de ventos que a levem – e esses ventos somos nós.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Realmente, cada um vê do mundo o que quer. Eu escolhi ver as coisas sinceras e bonitas...
Que ventos
nos trazem lembranças
e tais esperanças
de se reviver
o que traz na memória,
tão boas histórias,
que se vale a pena
jamais esquecer?

Devaneios de uma alma que dança

 Sentada no ônibus, atrasada como sempre, não conseguia evitar o pensamento que lhe invadia, a vontade que lhe tomava por um todo... Segunda-feira, sol ainda baixo, e a luz, entrando pela janela, sugerindo um port de bras lento e gracioso sob uma sala de espelhos e linóleo no chão...
 E a música embalando, saudosa, a valsa que se seguia em um frenesi - frenesi este que só quem ama sabe - e o brilho do sol acompanhando, passo a passo...
E se a vida me toma sorrisos,
deixando a saudade...
Eu paro. E deixo levar-me
pela conformidade dos fatos.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Sobretudo, a vida passa. Assim, aqui, parada em meio às árvores, é fácil perceber: o tempo passa, as pessoas passam; sim, a vida passa.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O silêncio do outro

 E de longe, o efeito das palavras não é nada se comparado ao do silêncio. O silêncio é como a pior batida, é como o fim de uma luz que te guia, é caminhar sozinho no escuro sem saber para onde vai... O silêncio não é fogo como as palavras, mas arde mais que a mais quente chama. Talvez o silêncio seja a pior dor, a pior mágoa, o maior ressentimento; ou talvez só a consequência das nossas conversas desgastadas, ou das palavras que ficaram por dizer.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

 Na real, eu não sei o que (ou porquê) acontece. Um dia você olha para frente e se encanta, e, quando menos espera, se apaixona; no outro você se decepciona e sofre, chora, fica carente. Então num outro dia você se dá conta das coisas boas ao seu redor e sorri, chora, fica contente.
 O tempo passa, as coisas se transformam, os sentimentos se reciclam. Pessoas novas vem, e ficam. Ficam por um tempo, até que você se encante e apaixone, se decepcione, chore e fique carente; e sorri de novo, fica contente.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Uma história sobre duas criaturas: uma, forte como o fogo, e outra, forte como a neve...
Em 2012 lhes desejo sonhos. Que vocês sonhem como nunca, e tenham a ousadia de transformá-los em realidade. Feliz Ano Novo!