Quarta-feira, 04 de
Julho de 2012
O dia amanheceu confuso; quebrei o despertador. Uma voz
dizia ‘decide agora, decide agora, decide agora’. Era sonho.
Levantei atormentada, dando-me conta do que se passava. Dia
de semana, horário de aula. Eu de pijama, olhando para o relógio, examinando a
consciência e, ah, agora foi!
Só me perguntava até quando faria dessas. Ficar em casa,
negar o mundo, adiar o tempo comum e viver o tempo para mim. Se bem me lembro,
perdi uma prova nesse dia. E quanto importa? Tomei meu café no copo, engoli o
pão com certa desvontade. Dois livros me chamavam na cabeceira da cama.
Inundei o pensamento com palavras contrárias, permiti-me
entrar no mundo inventado de outro alguém. Que poderes absurdos têm os livros!
Deliciava-me a sensação de liberdade ao fazer minhas escolhas erradas e viajar
dentro de meu próprio quarto.
Mas a realidade é insistente. Vinha-me à mente a imagem de
meus pais decepcionados, lá longe. Encarava o relógio e pensava ‘já foi’.
Quantos já foram? Isso trazia à tona as boas almas que um dia me fizeram feliz.
Quanta vida houve lá atrás. Ecoavam então as palavras de uma professora ‘quem
não vive, não tem história para contar’.
E o que é vida? Parava. Bem sabia que uma vez abrindo
caminho a esses pensamentos, tudo estaria perdido, de novo.
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